quinta-feira, 3 de outubro de 2013

“ROUBASTES A CHAVE DO CONHECIMENTO DO REINO DE DEUS” por Huberto Rohden

Não há maior crime do que alguém atribuir-se em guia espiritual dos outros sem ter experiência pessoal de Deus e do mundo invisível. O homem profano pouco mal faz aos seus semelhantes, porque ninguém o acredita como guia nas veredas incertas do universo espiritual; mas o profano que se atribui em iniciado é um perigo para os outros profanos que o julgam por iluminado.

O que leva um pseudo iluminado a se apresentar como iluminado é, quase sempre, a ambição do prestígio, a cobiça do dinheiro ou o orgulho, roubando a chave do conhecimento do reino de Deus.
Essa chave consiste numa experiência interna, não condicionada por nenhuma formalidade externa. O poder vem de dentro, a fraqueza vem de fora.

“A letra mata - mas o espírito dá vida”.

O ritual dá prestígio externo – o espiritual dá força interna.

Quem exerce o ritual sem possuir o espiritual é falso profeta; roubou a chave do conhecimento do reino de Deus. Iludido, ilude os outros. Cego, conduz outros cegos, não é condutor e sim, sedutor.

Ignorância do mundo espiritual é treva – experiência é luz.
Só pode iluminar quem foi iluminado.
Só pode dar aos homens quem recebeu de Deus.
Só pode distribuir aos homens quem possui os tesouros da divindade.

É necessário que o guia espiritual compreenda que a única possibilidade de guiar os outros está em que ele se deixe guiar por Deus, e que nenhuma igreja ou seita lhe pode dar essa experiência. Todas as igrejas e seitas são como outros tantos marcos colocados à beira do caminho da vida, nas encruzilhadas duvidosas, incertas; quem parasse aos pés desses marcos ou se contentasse com olhar na direção indicada pelas flechas não chegaria jamais ao final da jornada.

A alma do cristianismo não é algo que se possa ensinar ou aprender intelectualmente, como num curso de teologia, ou de explicação de textos; é algo que deve ser vivido e sentido, e até sofrido, em profundo silêncio e fecunda solidão. Podem; na melhor das hipóteses; outros guiar-me até o limiar do santuário, mas só eu é que posso transpor esse limiar e encontrar a Deus, face a face.

O dia mais glorioso para o verdadeiro mestre é o dia em que ele se torna supérfluo e dispensável, o dia glorioso em que a alma por ele guiada já não necessite de guia, por ter se tornado espiritualmente autônoma e independente, para andar segura e firme nos caminhos de Deus.

Nenhum comentário: