sábado, 2 de fevereiro de 2013

Desabafo


Cansada de ter que responder às coisas com comportamentos "adequados" criados por uma civilização que nem de longe age conforme as regras que ela mesma cria.

Gratidão é o ato de reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um auxílio,  é uma emoção, que envolve um sentimento de dívida emotiva em direção de outra pessoa; frequentemente acompanhado por um desejo de agradecê-lo, ou reciprocar para um favor que fizeram por você. Num contexto religioso, gratidão também pode referir-se a um sentimento de dívida em direção de uma divindade. (Wikipédia)

Afeto / afetividade é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido. É o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser ou objetos. Pode também ser considerado o laço criado entre humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de "amizade" mais aprofundada. (Wikipédia)

Agora, quem pode apontar a outro o dedo da acusação se essa relação de afetividade não se construiu ao longo de uma existência mesmo que seja nas relações familiares, pais e filhos, irmãos, sobrinhos, tios, netos e quantos mais graus de parentesco existirem?

Para que essa relação se construa precisa da reciprocidade. Somos condicionados a crer que os filhos devam "desenvolver" essa relação de afetividade (amar) seus progenitores independente de quem e como sejam. Posso pensar diferente, todos temos o direito de desenvolver nossos e novos conceitos, afinal, fomos dotados da capacidade do raciocínio para, pelo menos uma vez em nossa existência, "criarmos" um pensamento novo, quebrarmos o estabelecido.

Como externar essa afetividade se não houve momentos de afetividade que você possa se recordar de parte de seus progenitores para com você durante a sua infância, adolescência, juventude, vida adulta?
Só desenvolvemos a intimidade necessária para isso se o outro estiver aberto a isso e ensiná-lo em sua tenra idade a se relacionar com as pessoas demonstrando essa afetividade através de gestos simples como um abraço, um beijo fraterno, ao longo de sua vida você até pode desenvolver essa prática com pessoas que porventura possam suprir essa ausência demonstrando que é possível sim existir esse tipo de relacionamento, se a partir de um dado momento mesmo os seus progenitores e ou você mudar o "modus operandi" e iniciar a partir dali a construção de uma nova relação. É possível, mas insisto - precisa haver a reciprocidade, senão tudo retornará à situação anterior - dois precisam querer a mudança.

Sou grata sim por tudo que meus progenitores me proporcionaram: vir à esse planeta em mais uma faceta de personalidade encarnatória, por ter propiciado a que minha deficiência congênita fosse corrigida, por ter me proporcionado ser quem eu sou hoje - em muitos momentos pelo exemplo contrário - nem sempre as referências que recebemos são positivas, mas as negativas podem nos fazer questionar as nossas potencialidades trazidas em nosso espírito e mesmo reforçá-las nos fazendo trabalhar nossas imperfeições quando nos vemos em espelho ou mesmo confirmando que a nossa percepção, conceitos e ações são acertadas pois aquilo que vemos o outro fazendo e que traz consequências tão funestas nos alertam no sentido da retidão.

Mas, não posso me culpar pela afetividade não construída, apesar de todas as tentativas infrutíferas, chega um momento em nossa existência em que precisamos pesar todos os pontos e avaliar se é ainda válido continuar, se não nos estamos destruindo também nesse processo improfícuo. Não podemos nos perder do nosso foco que é a construção da Paz e Harmonia, da realização da felicidade - da evolução e amadurecimento espiritual mesmo que para isso a única opção seja nos distanciarmos. Não podemos correr o risco da destruição das relações insistindo em algo que não sai do lugar, não depende só da nossa consciência, mas da consciência do outro e se o outro não quer mudar, deixemo-lo no seu processo - é a escolha, o livre-arbítrio a que todos temos o direito - exceder nisso é alimentar a vaidade do "mártir".

Amar está no âmbito do Divino.
Gostar está no âmbito do humano.
Perdoar é ignorar o mal que nos fazem e o nosso instinto inferior que porventura nos dirija o pensamento a querer realizá-lo.

Como diz Emmet Fox em seu livro O sermão da Montanha:
"As pessoas sempre fizeram um bicho de sete cabeças do perdão por terem a impressão errada de que perdoar uma pessoa faz com que se sintam compelidas a gostar dela. Felizmente, tal não é o caso - não temos que gostar de alguém de quem não gostamos espontaneamente e a verdade é que é impossível gostar de alguém assim. É o mesmo que tentar segurar o vento com a mão e, se você tentar forçar-se a isso, acabará detestando a pessoa mais que nunca. ... Não somos obrigados a gostar de ninguém, mas temos a obrigação de amar a todos, já que o amor ou a caridade, como a Bíblia lhe chama, envolve um sentido vívido de boa vontade impessoal. Isso nada tem a ver com os sentimentos, embora seja sempre seguido, mais cedo ou mais tarde, por um maravilhoso sentimento de Paz e felicidade."