segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dusinita transparente... Dusinita vermelha...




Mineral gerador de energia em todas as suas manifestações: luz, calor e força. Aparentemente se parece com o cristal, mas seu tamanho surpreende; levando em conta a sua natureza mineral, tem dimensões elevadas, pode-se dizer que é um "macro-mineral".

Existe em grande quantidade e em duas colorações distintas:

Um é transparente, ou seja, incolor, muito poderoso, mas de energia muito sutil, quase imperceptível aos nossos sentidos; é mais utilizado para a geração de luz, o outro é de tonalidade avermelhada, como brasa incandescente, mais concentrado e de maior poder impulsionador na geração de energia de força e de calor.

É dotado de enorme capacidade iniciatória na movimentação maciça de grandes massas inativas.

Porém, é desprezado pelo "grosso" da humanidade por não lhe conhecer a sua imensa e valiosa utilidade. Encontra-se até empilhado em calçadas e ruas, como lixo à espera de incineração.

Aquele que o conhece, armazena infinitas quantidades para abastecer-se durante a sua longa viagem de volta ao seu "planeta" de origem.

Devemos aprender a não rejeitá-lo e não desperdiçá-lo para não ficarmos no meio da viagem, por extinguirem-se os estoques. Nunca é demais; corre-se o risco de quase sempre ser de menos.

A preguiça e as distrações nos fazem desviar da missão do armazenamento, como também nos deixam perder quantidades preciosas desse mineral e assim nos exaurimos ao recolher com as mãos e até com os pés os que encontramos no caminho, provavelmente perdidos por outros desatentos. E os que deixamos cair, ficam para trás, mas não conseguimos voltar, é um caminho onde só se anda para a frente.

Quando obtivermos quantia considerada suficiente, quiçá, excedente, caso não consigamos carregá-la nas mãos, devemos adquirir recipientes necessários e próprios para transportá-la.

Caso vejamos alguém que não lhe conheça o teor tão valioso, contemo-lo de que se trata e o que faz, devemos explicar como funciona de maneira tal, que a informação se impregne no alguém a quem se conta... E, abdiquemos da autoria da descoberta, pois alguém já descobriu antes a mesma coisa. Não somos autores originais de nada. Tudo o que é, já foi e será sempre, apenas é nossa obrigação que o todo se melhore.

Se a luz que lhes acende a casa é precária, por que só a nós é dada a luz mais forte, o melhor luzeiro?

Fiquemos felizes com a melhoria de todos! Finalmente embarquemos, abasteçamos a nave e partamos nesse lindo amanhecer.

Até breve a quem fica.

Nos encontraremos na eternidade.


Dulceny z 17/03/1998

"Texto baseado num sonho"

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ESPERANÇAS, DESESPERANÇAS


Não sinto saudade
de nada que já fiz.
Das pessoas que vi,
falei, gostei, perdi.
Das cidades em que vivi,
nada sinto da distância...
Lugares são os mesmos
em qualquer dia,
qualquer tempo...
Lugar pra mim é onde estou...
Aqui, ali.
Hoje, agora;
amanhã, sabe-se lá...
Nem mesmo a morte me maltrata...
Depois de cada dia
sem a luz
das pessoas que se foram,
tenho a nítida certeza
de vê-las manhã dessas
ao dobrar d'alguma esquina...


Dulceny z
14/12/1985
22:30h




As pessoas vivem em nós. Cada lembrança é um reviver!
Cada momento, somado na totalidade do que sou.
Quando penso em alguém, "viajo" ao momento vivido, me concentro e "vejo" ao meu redor os espaços de então, as palavras, as emoções e me sinto ligada por um laço de fogo àquele momento e pessoas.
Amigos são ligados por vibrações e essas nos mantém unidos para sempre, mesmo que fisicamente não os vejamos, mas, um dia, estaremos juntos novamente. É assim que sinto. A presença em mim de tudo o que vivo, vivi e viverei.
bjs!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Minha fada...




A mais linda fada que já ganhei!!!

Presente da minha amiga Lu Cavichioli!!!

Amei!!!!!!!!!!!!!!!





Grande amiga!!!

Alma grande!!!



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http://retratosemdegrade.blogspot.com/2009/05/minhas-amigas-sao-fadas.html

sábado, 9 de maio de 2009

Grandes mudanças...



E está já aí na porta o dia da Libertação da escravatura!

Não fica saudade da casa, mas importa a vivência experienciada com cada um com quem temos contato.

Me lembro quando do meu primeiro emprego em 1976, num Consórcio de Luto - para ver, desde cedo já estou acostumada a fins de ciclo, mas então, me lembro de uma senhora já centenária, que já nascera então liberta pela Lei do Ventre Livre, a me contar o dia em que os escravos das Fazendas de Café aqui em Campinas receberam a notícia da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel...

Contava-me ela da alegria de todos gritando e festejando por entre os Cafezais em desabalada corrida. Dizia-me ela que era ali mesmo próximo ao edifício onde estávamos, que tudo na área central de Campinas era plantação de café. Ao seu relato, eu me deixava levar pelas imagens dos cafezais se sobrepondo à paisagem de 1976; edifícios, ruas asfaltadas, muito trânsito, barulho caótico se misturando aos cafezais, aos ex-escravos correndo, dançando e entoando cânticos de alegria pura! Felicidade suprema!

Divagação feita...

Voltemos.

Tenho pensado em muitas leituras sobre o nosso cantinho a ser "implodido", mas não vejo como a maioria, pois, o que importa, como já disse no começo, não é a casa, mas o relacionamento entre seus moradores, isso é nossa maior riqueza, é como mudar de lugar quando a maré sobe... Às vezes, nem acabamos de estender a toalha novamente e já temos que "levantar" acampamento, coisas da vida.

Importa é a harmonia e serenidade com que encaramos as situações adversas.

Penso que foi muito importante termos nos conhecido virtualmente naquele espaço, aos que tem mais afinidade, fica a continuidade do relacionamento em outros espaços, isso demonstra a unidade entre os "moradores" que a meu ver tornou a nossa convivência lá tão rica e incomum.

Meu irmão mora numa cidade do extremo oeste paulista, na divisa com Mato Grosso do Sul - Itapura, onde uma população inteira se viu obrigada a migrar para terrenos novos e recriar sua cidade em virtude do represamento do Rio Tietê para a construção da Usina de Ilha Solteira.

Imaginem, uma população de 3000 mais ou menos deixando suas casas, suas histórias de vida, a recomeçar em novo espaço. Assim é a vida e tudo o que nela vivemos em muitas das vezes tem o tom da fugacidade.

A vida é um constante mudar, quer seja em pequenos detalhes, quer seja em sua totalidade.

Importa é sempre estarmos abertos a que as mudanças venham a enriquecer nossa existência, seria tedioso vivier uma vida inteira fazendo tudo igual, estagnação é morte. Mudança é vida, é vibração!

Adorei o tempo em que pertenci ao GO e me alegro muito em ter tido a imensurável oportunidade de fazer muitos amigos, mesmo que virtuais, mas que cabem em meu coração apesar de espalhados por esse Brazilzão enorme!

Que continuemos juntos, todos os que assim o quiserem e sigamos em frente.
Dulceny z

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Apressada eu?...


Faz já algum tempo que resolvi contar alguns episódios que sempre vêem à tona em conversas com amigos, sabe como é, conversar é uma atividade das mais frequentes e das mais agradáveis, acho que a primeira da lista quando perguntada – o que mais gosta de fazer?

Bem...

Eu tenho fama de apressada, será?

No início...

Mamãe e papai foram apressados e “me” fizeram antes do sim oficial de qualquer natureza, daí saíram correndo atrás do prejuízo, coisa que não entendo até hoje, pois essas convenções não me entram na “cachola” de jeito e modo algum, mas cada um é cada um... Na década de cinqüenta então, quem sou eu pra tecer comentários a respeito, enfim...
Papai era militar do exército ainda sem tempo suficiente na função para apresentar uma certidão de casamento, trataram então de procurar uma cidadezinha pacata num estado tranqüilo e distante, logo ali e lá se foram para Ouro Fino em Minas Gerais sacramentar tanto no civil como no religioso a união da qual eu já participei de corpo oculto presente (um bando de apressados), num casamento oficialmente oculto para o então exército brasileiro.
De volta ao Estado de São Paulo, dias vão, dias vem e pronto, seis meses na função. Papai leva a certidão à unidade onde trabalhava para informar sua união com mamãe, afinal, eu estava lá e ela precisava já de acompanhamento médico, ora, pois.
Tudo bem, disse seu superior, mas assina aqui uma advertência, certo?
Terceiro sargento, apressadinho, a sua promoção para segundo demora mais um pouco, até sumir no tempo a “lindinha” aqui...
Ia tudo bem quando, mamãe, já no oitavo mês resolve cair, ai, ai...
Lá fui eu “desesperada” dentro daquela barriga para o hospital, doida pra sair, afinal, a bolsa estourou e morrer era tudo o que eu não queria naquele momento...
Eu não quis nem saber; saí logo chutando todo mundo, fazendo “bunda-lê-lê” e dizendo:
-Vocês vão ter que me aturar!
O médico me colocou na incubadora e disse para a minha mãe, vai ficar em observação, é muito pequena (um quilo, oitocentos e cinqüenta gramas), e crianças prematuras de oito meses têm menor probabilidade de sobreviver ao nascimento. A essa altura eu já olhava pra ele pensando: Como assim, esse cara é louco?
Deixou minha mamãe arrasada.
Bem, como tudo parecia bem, batimentos cardíacos, respiração, etc.
Ele resolveu fazer um teste. Chamou mamãe e me colocou para a primeira mamada.
Aí eu delirei... Puxei aquele leite com toda a força do pulmãozinho que Deus me deu e pensei:
Agora é que vamos ver quem é fraquinha aqui...
O Dr Modesto Carvalhinho espantado exclamou:
-Dulcinéa. Leva essa esganada pra casa que essa aí não morre tão cedo!
Ponto pra mim!


Na infância...
Mas, como tudo tem um mas...
Essa irreverência toda não ficaria impune...
Como no parto pélvico a última parte que sai é a cabeça do neném, fazer bunda-lê-lê não é uma boa opção, bom mesmo é não ser apressado e nascer de forma convencional.
Adquiri um “torcicolo congênito” – tradução – atrofia do músculo esternocleidomastóideo (pescoço) e me trouxe um desvio de coluna, na época o tratamento era cirúrgico – hoje é com RPG (até nisso fui apressada), bem, aos sete anos fui para a sala de cirurgia, meia hora para “esticar o músculo” e uma e meia para tirar o dente de leite que resolveu cair quando o médico tirou a chupeta que usavam para não enrolar a língua por causa da anestesia geral, mas esse dente também não podia esperar não? Mas pra que a chupeta? Hoje não se usa, puro mito, será?
Tudo normal depois? Nem por sonho... Um mês sem sair da cama, com os pontos, trinta e um.
Depois, coloquei um colete branco lindo, da cabeça à cintura. Só ficava de fora o rosto, as orelhas, a “moleira” e os braços. Três meses, isso passa rápido pra quem tem pressa, pressa de brincar, pressa de estudar. Eu já tinha chorado em sessenta e quatro porque a escola me recusou a matrícula, mas qual o motivo?
Nasci em agosto e daí?
Então, primeira semana de aula e eu com o colete espacial; um vestido tamanho quatorze numa menina de sete, mas tudo bem, o importante foi subir as escadas do colégio feito louca!
Eu vou estudar! EU VOU ESTUDAR!
Daí vem aquela professora “nada a ver”, não gostei dela, esqueci o nome; chama minha mãe e diz:
-Olha, a sra não acha melhor ela não vir às aulas enquanto usar essa “coisa”, essa carapaça, as crianças estão comentando.
Aiiiiii!!!!!
Meu sangue ferveu!!!!
Nem deixei minha mãe responder.
-De jeito nenhum. Não vou faltar nenhum dia. Três meses, vou perder o ano, nem pensar. Venho e pronto. Eles que se acostumem ou que olhem para o outro lado.
Encerrei o assunto sem chance para qualquer argumentação contrária. Afinal a vida acadêmica era de quem?
O mais interessante foi a ajuda de minha amiga Marlene, amiga até hoje, que ficava comigo nos intervalos a explicar a razão do capacete espacial, meu nascimento incomum, a inclinação da coluna, a cirurgia, muito bom, excelente exercício, ela se tornou profissional de comunicação – fez jornalismo. Muito bom! Ela só tinha receio de adquirir o problema de tanto que repetia o modus operandi, rsrs.
Eu disse a ela que não havia risco, afinal, o exercício não permitia a atrofia.
Depois disso, tirei o gesso e tudo correu muito bem, até que no quarto ano do grupo escolar, um garoto chamado Luis César caiu em minha classe e começou a me chamar de Tartaruga Touche, ainda não entendo até hoje o por quê?
Mas dei umas boas “bolsadas” em suas costas nas nossas voltas para casa todos os dias na saída da escola. Levei fama de “batedora” até o colegial. Mas também considero isso uma injustiça!

Bem, já falei demais por agora. Em outra oportunidade, se me lembrar de mais coisas, conto para vocês.
Por hoje é só pessoal!

Procura-se um querubim...

Já tive a oportunidade de postar esse texto em outros espaços. A quem já viu, pode ler novamente, eu deixo, rs
Quem ainda não, convido a ler agora...
Essa história é sobre quatro jovens numa noite de sábado na cidade de Santos em mil novecentos e oitenta.


Noite especial, onde o acontecimento mais importante era o Baile do Hawaii no hoje extinto Caiçara Clube de Santos.
Estávamos todas, a Shirley, a Márcia, a Cely (minha irmã) e eu (Dulceny), “mais duras que pão amanhecido”. Saímos as quatro a pé do apartamento no bairro Encruzilhada (bastante sugestivo) e fomos até uma pizzaria entre a Avenida Ana Costa e o Canal Dois, na Avenida da Praia. Minha irmã e a Márcia iam encontrar os “paqueras” delas. Shirley e eu sobramos, mas...
Chegando lá nos sentamos a uma mesa e pedimos um refrigerante cada uma e só. Era o que dava para comprar. E jogue conversa fora esperando as “noivas”, “ops”, os moços. Tomando refrigerante às gotas fazendo o tipo “não estou com tanta sede assim”, mas era para não ter que pedir outro se o garçom invocasse:
-Como é que é, vai consumir ou não?...
Enfim eles chegaram, já vestidos a caráter para o baile.
Conversaram com as duas e foram embora (pagar para elas; nem pensar; era uma pequena fortuna). Desconsoladíssimas continuamos ali e o “povo” passando todo arrumado em direção ao clube. Num dado momento, apareceu um garoto vendendo amendoim torrado.
-Vai amendoim aí, moça?
-Não obrigada. Hoje a gente não quer (ai... que fome).
Acho que ele percebeu a nossa “cara de fome” e deixou dois amendoins sobre a mesa (era em casca). Pedimos para ele deixar um para cada uma, mas ele não quis. Então, dividimos irmanamente dois amendoins entre as quatro.
Passados uns dez minutos, ele voltou e jogou uma caneca inteira de amendoim na mesa. Nós pegávamos os amendoins e tentávamos devolver a ele dizendo:
-Leva isso embora menino!
-A gente não tem dinheiro pra pagar não!
-Olha; eu como tudo e não pago, “ta”?
-Blá, blá...
O menino disse que o amendoim já estava pago.
-Pago?
-E quem pagou?
-Foram aqueles moços que estão ali em pé.
Acenos...
-Oi...
-Oi...
Apresentações feitas. Eles se sentaram conosco à mesa e ficamos conversando. Vieram comes e mais bebes e tal. (Maravilha! Uau!)
O entra e sai de gente “à la Hawaii” intrigou-os e eles quiseram saber o por que das roupas.
Explicamos sobre o baile e então um deles olhou para a Márcia e fez o convite:
-Vamos ao baile?
Ela arregalou os olhos e arrematou na mais pura incredulidade:
-Só se vocês levarem as quatro (humilde Márcia, rsrs)!
- “Tá” bom.
Caímos na gargalhada!
-Vocês vão pagar para todas nós?
-Vamos.
-Só pode ser brincadeira...
Esse baile na época era o evento máximo da High Society paulista, os artistas da televisão compareciam em peso ao evento. As entradas custavam o olho da cara. Creio que fazendo uma grosseira comparação, uns mil reais para as mulheres e uns mil e quinhentos para os homens.
Só podia ser piada!
Eles insistiram, pagaram a conta, inclusive os “refrigerantes elásticos”, chamaram um táxi e nos levaram em casa para nos arrumarmos, o que eles também iriam fazer. Marcamos com eles às onze horas na porta do prédio e a senha para descermos era o grito deles lá fora:
-Hawaii, vamos nós! (Morávamos no terceiro andar).
Bem, foi uma tremenda farra, a Márcia foi buscar a canga de praia e a mãe dela, a Heidi, emprestou uma pra Shirley, uma vizinha trouxe mais duas, uma pra Cely e outra pra mim. As flores artificiais dos vasos foram parar nos cabelos e, olhem só o detalhe, nas sandálias havaianas; pra disfarçar a “pobreza”...
E as horas passavam e os “caras” nada!
Sentamos já desanimadas da vida. Uma falava:
-Ah! Pelo menos valeu a farra de se arrumar!
-Valeu uma ova! Se um dia eu encontrar esses caras, eu quebro os dois (adivinhem quem disse isso, dou um doce).
E por aí vão os comentários...
A essa altura, meu pai, muito sarrista, sentado ao sofá e de braços cruzados, olhou o relógio e a nossa grande decepção e mandou:
-Cais, cais, cais (rindo), já são onze e quarenta e cinco. Daqui a pouco eles passam e gritam lá de fora:
-Hawaii... Vão dormir!!!
Foi só risada!
Quase meia-noite. Tocam a buzina lá fora. Meu pai não deixou que descêssemos. Militar que era, disse:
-Eu vou ver quem são esses que vão levar vocês para o baile e ter uma conversinha com eles.
-Pronto, agora ele manda os dois embora e a gente não sai mesmo.
Logo ele voltou e falou:
-São gente boa. Podem ir.
Desceu junto. Lá fora estavam os dois de branco da cabeça aos pés, um Passat branco TS que era o luxo da época.
E a gente ainda desconfiada até... Enrolaram meu pai... Só pode ser. Ainda achávamos que não chegaríamos ao baile. Até onde eles iriam com aquilo?
Entramos no carro e fomos embora.
Minha irmã sussurrava:
-Onde eles arrumaram esse carro?
Acho que assaltaram algum marinheiro pra pegar a roupa branca. Será que mataram alguém?
E a Márcia:
-Cala a boca menina!
Eu já estava em pânico, só conseguia rir sem parar. E me encolhia no banco traseiro. Olhem só a paranoia em que estávamos.
Próximo ao clube, o trânsito estava parado.
Ao tentarmos atravessar a avenida para estacionar na praia, vimos que o retorno estava interditado. Um guarda bem no meio da avenida gesticulou para recuarmos o carro. O esperto que dirigia o carro (até aí ainda não sabíamos o nome de nenhum dos dois), quis engatar a ré e em vez disso o carro pulou para frente e acertou as pernas do policial. Os dois desceram do carro e foram conversar com ele.
Ficamos apavoradas dentro do carro. E a Cely:
-“Tá” vendo! Isso foi de propósito, eu sabia!
Eles não vão levar a gente pra lugar nenhum, agora a gente “vai tudo em cana” bailar no xadrez.
-Duvido que eles tenham a “grana” pra pagar as entradas. Só se assaltaram um banco!
Vimos um deles dando tapinhas cordiais nas costas do policial e eles em seguida voltaram ao carro.
Viramos à direita e logo estacionamos.
Fomos até a entrada do clube e ainda lá nos olhávamos desconfiadas.
-É agora! “Cadê a grana?”
Um deles (o mais alto) tirou um maço enorme de notas do bolso, as maiores que corriam na época e foi colocando na mão do bilheteiro:
Uma, duas, três, quatro, cinco...
Até pagar as seis entradas! Nosso queixo caiu.
Quem achou me devolva que ainda estou a procurar por gentileza...

Entramos no clube.
A Cely logo encontrou o Toninho e a Márcia foi encontrar com o paquera dela também. A Shirley e eu reclamávamos:
-Vocês vão nos deixar sozinhas com eles???
-Estamos acompanhadas... Se virem, rsrsrs.
Olhei para a Shirley e ela para mim. Tudo entendido:
Sobrou para nós! Ai meu pai!
Mas aí aconteceu o inesperado...
O mais velho deles virou para nós e disse:
-Vou dar uma volta e já venho, só apareceu no fim da festa. De vez em quando eu o via pulando sozinho; copo de Whisky na mão; no meio do salão. O outro que agora já sabíamos o nome (já era hora) – Fernandes, ficou conversando com a Shirley e comigo a noite inteira, mais com ela que comigo, pois, sem um tostão, me entupi de água de coco e frutas que eram de graça a noite toda, de graça nada, eles pagaram e bem caro. O Fernandes contou a vida dele toda, do outro, ele não falou muito, mas ficamos sabendo que eram oficiais da Marinha Mercante. O “desaparecido” no salão era nada mais, nada menos que o “Querubim”.
-Como?
Qual é o nome dele?
-Querubim!
A Shirley e eu dizíamos que eles “não existiam”, onde já se viu, dois homens já não tão novinhos assim, pagar uma pequena fortuna para quatro jovens e manter o maior respeito!
O Querubim nos confidenciou que mais valia para ele o prazer de realizar um sonho, o nosso sonho, que era o que ele faria a uma filha dele, não mencionou se era pai. Que se sentia feliz em nos fazer feliz! Gente, acho que foi aí que encontrei meu mestre!
Baile terminado, eles nos deixaram em casa, ainda deram carona para o Toninho. Em casa ficamos a Márcia, a Cely e eu. A Shirley quis ir para a casa dela e no dia seguinte, conversando, ela falou que quando desceu do carro e se despediu, ao ver o carro virando a esquina, teve a sensação de que ele desapareceu em fumaça. Achou que se andasse até lá, veria as penas do Querubim esvoaçando no ar...
Nunca mais os vimos ou tivemos notícias deles. Só sabemos que eram cariocas.
Fernandes e Querubim...
Nossos anjinhos do Hawaii...

...Mas algo ainda me intriga... Que será que meu pai tanto conversou com eles?...