quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Conceituando...

A vida passa e as coisas sempre mudam sob o sol.
Quem faz, leva e quem espera sempre alcança, pode ser que fique cansado, mas tudo vem pra bem a quem pratica a parcimônia.


Parcimônia vem do latim parsus, que é o particípio passado de parcere (economizar), é um conceito de frugalidade, economia ou precaução ao chegar a uma hipótese ou curso de ação. Seu significado pode ser traduzido por "menos é melhor". 

Em tudo, ou como em alguns casos, economize suas palavras e deixe a evolução das situações ao pulsar das energias, tudo se estabelece da forma devida.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre essa tal "Liberdade"...


Um episódio que passei quando estava na faculdade:
No último andar tínhamos duas salas de aula e um pergolado (vigas de concreto sem laje).
Então, estávamos num processo de reivindicação sobre o valor das mensalidades X demissão de 17 professores por nos informar que não tiveram aumento (isso em assembléia) e certo dia, um estrondo enorme veio lá do pergolado, subimos e demos com uma parede inteira da divisória da sala de aula no chão, os "Malucos", como se autodenominavam, estavam lá e os "caretas" e outros "malucos" de olhos arregalados queriam entender o que acontecera!
Explicação real: um deles curtiu não um cigarrinho, mas um pó e decidiu esmurrar a divisória, conclusão: Caiu tudo porque era de painéis encaixados a parede.
Explicação deslavada de quem não quer assumir a responsabilidade do ato praticado: Isso foi uma manifestação dentro do movimento de reivindicação de baixar a mensalidade!
Mas quem definiu isso como manifestação? Ninguém.
Fizemos uma assembléia onde ficou decidido por votação maciça:
Os malucos iriam reconstruir a parede inteira, já que defendiam tanto o ato do colega que àquela altura - visivelmente ainda alterado não podia responder por nada - ainda mais que destruir patrimônio da empresa (Faculdade) faria com que nosso movimento fosse por água abaixo.
O que tiramos daí:
Você é livre para fazer o que bem entender com o seu corpo, desde que não prejudique outrem.
Você jamais pode tomar atitudes individuais dentro de um movimento mas tão somente o que foi decidido por voto ou consenso.
Caso você tome atitudes equivocadas, seja adulto o suficiente para arcar com as consequências, sejam elas de cunho moral e ou legal - afinal não estamos agindo com a liberdade que buscamos?
Conclusão Final: Não existe Liberdade Ilimitada em nenhuma Sociedade ou Civilização que já viveu em toda a História Humana, pois vivemos em grupo e isso, para que se viva harmonicamente, ou para que se a busque, imprescindem  regras claras e que DEVEM ser cumpridas por todos INDISTINTAMENTE!
O  que os estudantes hoje na USP querem é subverter a ordem natural das civilizações e como disse um amigo meu escritor Edson Marques:
Quem quer ser totalmente livre, esteja preparado para a solidão!
Num extremo, rompa com a sociedade a qual você não aceita, isole-se onde quiser, seja um ermitão!
Mas será que ainda assim você será totalmente livre?
A partir do momento que se encontrar totalmente só, ainda assim terá que se harmonizar com as regras da Natureza, do Universo, tudo tem seu curso orientado à que perpetue sua ordem natural e você, o que irá fazer? Aceitar, ou ainda continuará se julgando o grande injustiçado?
E mais, penso que delinquir não seja privilégio somente de pobres carentes, mas de todo aquele que não recebeu noções de valores éticos em sua criação - os extremos são iguais - os ricos que "compram" a impunidade dos seus filhos e os tornam potenciais ditadores e os criminosos que "compram" os corruptíveis para conseguir essa mesma impunidade. Tudo igual sob o mesmo sol...

Uma explicação dos meus tempos de juventude:
Malucos - curtiam de tudo - do álcool às drogas, conceitos de moral e ética extremamente elásticas, etc..
Caretas - os que não curtiam de tudo - ficavam só no álcool, conservadores  e também o pessoal mais ligado à religião.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Meu Ipê Branco!




No trabalho desenvolvido pelos alunos do Curso de Biologia da Unicamp em conjunto com o jardineiro-poeta Sebastião Martins Vidal - homem de quem se deve procurar saber mais, muito mais, figura ilustre e respeitada em Barão Geraldo por seu trabalho voluntário nas mais diversas áreas, diria eu que tudo onde ele põe a mão, vira Ouro. E assim foi, numa manhã, um burburinho de gente na praça próxima à minha casa, curiosa, cheguei lá e ao vê-lo, disse-me:
Estamos plantando mudas de árvores nativas para que tragamos os pássaros de volta, para devolver à natureza um pouco de tudo que dela já tiramos, quer "amadrinhar" uma árvore?
Sim! respondi prontamente!
Lá fui eu plantar o meu Ipê Branco - plantei, cuidei, retirei-lhe as folhas doentes, calçei seu tronco quando lhe quebraram galhos, ele cresceu, mas ainda muito jovem, uns dois metros de altura, abrigou um ninho de beija-flores, tão jovem e já cumprindo sua maravilhosa tarefa.
A foto mostra em toda a sua exuberância a primeira florada ano passado, que de branco, se vestiu de róseas flores, lindas, vigorosas, talvez resposta ao amor com que tantos de nós; alunos, o Sr Sebastião e eu a ela dedicamos.

sábado, 25 de junho de 2011

Brócolos

Brócolos


100g de brócolos cozidos contêm 20 calorias • vitamina C (metade da DDR) • folatos (mais de 20% da DDR), que previnem certas malformações congénitas • betacaroteno, antioxidante • numerosos minerais (potássio, cálcio, magnésio, ferro) • fibras (cerca de 3 g) • indóis e sulforafano, compostos que ajudam a combater o cancro • luteína, um carotenóide que ajuda a prevenir a degenerescência macular da retina.

No mercado Época


A melhor época dos brócolos vai de Outubro a Abril.
Escolher Devem procurar-se brócolos com cabeças (compostas por minúsculos botões de flor agrupados em inflorescências e folhas verde-escuras e os caules bem verdes. Os caules devem ser finos e firmes, e os raminhos, bem cheios e compactos e de cor uniforme. Partes amareladas ou flores abertas são sinal de pouca frescura: depois de cozidos, os brócolos ficarão duros e pouco saborosos.
Na cozinhaConservar De 3 a 4 dias na gaveta dos legumes do frigorífico.
Preparar
Retire as folhas mais rijas e lave os brócolos com cuidado, mas não os deixe de molho. Pele o caule com o descascador de legumes para retirar a parte exterior, corte a base do mesmo e dê um golpe em cruz. Os caules mais grossos podem ser cortados longitudinalmente. Lave e coza também as folhas, ricas em vitaminas e deliciosas em sopas e pratos salteados.
Cozinhar Sirva os raminhos crus ou levemente escaldados numa grande quantidade de água a ferver com um pouco de sal como aperitivo, acompanhados com dips. Para fazer um acompanhamento, branqueie, coza no vapor ou salteie durante 3 a 5 minutos os raminhos, os caules e as folhas (cortadas em tírinhas). Um tempo de cozedura curto permite evitar as perdas de vitaminas e de minerais na água da cozedura e reduz a quantidade de substâncias sulfurosas libertadas para o ar, responsáveis pelo característico odor desagradável.
Utilizações Os raminhos de brócolos são ideais para ser servidos crus ou em saladas. São deliciosos salteados em azeite e alho, adicionados a um prato salteado de legumes no início da cozedura, cozidos no vapor.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Meu primeiro salto...

Sempre tive medo de aviões, muito...
Era tanto que eu não via a hora de entrar num deles só pra me atirar pra fora e sair voando,rs
Nossa!
Seria o máximo!
Alta velocidade em queda livre e depois "passear devagarinho" ao sabor do vento num traçado hiperbólico numa velocidade constante e...
"Abajo"!!!
Sonhava e sonho ainda muitas noites que estou voando por esses espaços sem fim, estratosfera e espaço cósmico são figurinhas carimbadas em meus aéreos destinos...
Considerando que se atirar pra fora de um avião seja uma coisinha à toa, de nada mesmo, problema maior está no derradeiro momento da chegada.
Existem algumas implicações matemáticas relativas à velocidade dos ventos, se há vento ou se estamos às portas de um tufão, nada de mais...
Um belo dia andando às belíssimas areias (???) de Praia Grande com o Rosseto - um amigo maluco, como todos os meus amigos de então e pela eternidade - não consigo me relacionar com pessoas "normais", não sei porque...
Enfim, ele, um militar que servia no Forte de Itaipu, padrinho de batismo de meu sobrinho, mandou:
- Titia (adoro meu sobrinho, graças a ele consegui esse doce apelido), quer saltar?
- Saltar? Ah, hoje não estou a fim de mergulhar lá na pedra...
- Ahhhhh titia, você não entendeu nada... Saltar de para-quedas!
- Como?
- O Paracelso (um soldado da guarnição) falou que tem uma academia em Santos e...
- "Demorô"
Lá fomos todos iniciar essa aventura, levamos mais uns dez com a gente - a mana também foi fisgada (depois conto o mico, rs)...
Depois de um mês e meio de um treinamento puxado - o monitor serviu no esquadrão de salvamento Terra-Mar no Rio de Janeiro e parecia um sargentão carniceiro nas aulas práticas, mas, tudo pelo sonho!!!!!
Fui uma aluna exemplar!
Tirei 97 na prova teórica (a maior nota de todos os tempos) e meu monitor me pediu autorização para enviá-la à Federação Brasileira para garantir melhor pontuação no ranking nacional e também me pediu para colocar minhas descrições dos procedimentos nas apostilas do curso. Inchei!!!! rsrs
Na prova prática eu esqueci uma coisinha básica que era flexionar as pernas antes de tocar o solo para fazer a rolagem (uma delícia - nunca mais me machuquei num tombo e olha que caí muito) - isso me tirou alguns pontos e fui assim a terceira da turma...
Mas... Como tudo tem um mas...
Viajamos para Americana - SP para a área de salto.
Lá foi a primeira turma para o avião - como tem gente ansiosa, fiquei para depois...
Uma gracinha, era um pontinho depois do outro se atirando daquela aeronave magnífica - um Cesna - não lembro o modelo, mas para saltar, a porta abre para cima, banco, só o do piloto; seis marmanjos com o piloto mais espremidos que sardinha em lata, uma mochila de dezesseis quilos nas costas (para-quedas principal - parabólico - modelo militar T-10 - já refugado pela aeronáutica - uma beleza de funcionamento), mais uma de três amarrada na barriga (para-quedas reserva), um luxo!!!
Primeira turma despejada, chegou a minha vez!
Lá vem o carniceiro chamando os cinco que iam saltar, fez uma rodinha e começou a perguntar:
- Qual é o procedimento utilizado quando temos um "forte" vento de cauda?
Esclarecendo que vento de cauda é exatamente o que está dizendo:
Um quase tufão bem no seu traseiro!
O negócio é não pensar muito e rezar pro seu santo predileto, pedir ajuda aos unversitários do além e confiar na "sorte"!
Mas, tudo pelo sonho!
Não vou amarelar depois de viajar a noite toda sentada naquele banco quebrado daquele ônibus fuleiro, ainda mais que toda a brincadeira custou o ôlho da cara!
Tudo bem...
Uma "debutante" como eu mandou:
Quando chegar ao solo, desequipar o para-quedas reserva (traduzindo: se livra da porcaria), e se preparar para o arrasto "agindo nos batoques" para desinflar o para-quedas e aguardar a equipe de terra.
Não aguentei e continuei:
-Isso e daí chama a ambulância pra levar uma mulher com a mão em carne viva para fazer enxerto no hospital!
- O Djalma (monitor) não aguentou e riu também, mas perguntou:
No que foi que ela errou? rsrs
- Daí a nerd aqui esmerilhou:
- Aterrar, fazer a rolagem, levantar, correr em volta do velame para a boca ficar contra o vento e recolher o mais rápido possível e se não conseguir fazer isso, se preparar para o arrasto: desequipar o para-quedas reserva, virar de costas para o chão e agir nos batoques para desinflar o velame, puxar para si e recolher o mesmo o mais rápido possível.
- Parabéns!
Guardaram bem a sequência?
Subimos, saltamos e chegamos ao solo, caí num terreno recentemente arado ao lado da pista de pouso, a terra estava fofa, nunca foi tão fácil, mas... Como tudo tem um mas...
Aterrei, fiz a rolagem e...
Ao começar a levantar dei de cara com uma cerca de arame farpado!
Eu de cá e o velame de lá!
Os tirantes do para-quedas quedavam tranquilos e soltos por cima da cerca...
Pensei:
- Como??? Vai dar não!!!!
Coragem Dulceny, agora é tudo com o plano B!
- Sentada eu estava, naqueles segundos plenos de eternidade.
Deitei de costas, desequipei o reserva, joguei longe aquela porcaria, porque naquele momento não passava de uma enorme porcaria, se por acidente acionasse a alça e ele também inflasse aí sim, ia ser uma maravilha!!!
Alcancei os batoques com as mãos, segurei firme e me senti deslizando feito um pacote quadrado naquela argila fofa e comendo terra até pelos olhos, mas o para-quedas não desinflou e eu só parei depois de me enfiar entre duas fileiras de arame farpado, minhas duas mãos sentiram algo rasgando as coitadinhas, sniff...
Trago ainda as marcas na palma da mão esquerda e no dedo anelar da mão direita, "maledeto" velame que não desinflava!!!
Olhei para elas consternada - um vermelhão daqueles bem vivos só.
Detalhe: O sangue saía aos jatos - ainda por cima cortou umas pequenas artérias - desgraça pouca é bobagem...
Apertei as mãos o mais que pude me segurando ali com o vento comendo solto - cortar, só as mãos, já pensou deslizar mais um pouquinho, onde eu ia parar?
Nem quero imaginar o que mas seria "extirpado" do meu frágil corpinho de quarenta e oito quilos de então...
Olhei bem para a cerca, olhei bem onde estavam minhas pernas - entre uma ferpa e outra, decidi então:
Daqui não saio, daqui nenhum ventinho metido me tira!
Apertei as pernas no arame e desse no que desse.
E o procedimento? Lá na apostila dizia: Agir nos batoques, mas nada acontecia - o velame estava mais que inflado, agora mais ainda sem as fendas que dão passagem ao ar...
O pior de tudo é que não chegava ninguém. O Rosseto que me convenceu a entrar nessa (concordo que ele não teve muito esforço para isso, rsrs) ficou de ser o responsável por mim na equipe de terra, cadê??????
Depois de um tempo interminável ouvi a Cely me chamar desesperadamente, mas eu só conseguia ficar dura, firme e forte, se falasse, descontrairia a musculatura e babau, uma cerca cheia de ferpas - hoje penso: Ai, sua anta, você já havia passado pela cerca, o resto da perna era fichinha - mas quem é que pensa nessa hora?
Ela gritava:
- Nem (outro apelido - nenem - eu odeio), fala comigo, você está bem?
Eu respondia (pensando, é claro):
Nããããããoooooooo!!! E alguém na minha situação podia estar bem?
Como ela não ouvia nada começou a chorar e berrar:
A minha irmã morreu!!!!
Ela não fala nada, ela morreu, ela morreu, ela morreu!!!
Ai que vontade de colocar uma rolha naquela boca, rsrs
Comecei a rir, ainda em pensamento; dava não pra executar essa tarefa naquele momento...
Enfim, chegou um outro rapaz - não me lembro o nome, aliás, lugar comum para a minha memória extremamente seletiva, apaga tudo, daí, quando preciso, não acho mais o arquivo...
Ele tratou de desinflar o dito enquanto os outros corriam para ver a "bezerra morta", kkk
Acredita que ela ainda ficou brava porque eu não respondi?
Acredita que eu ainda tive que enrolar o para-quedas em meu braço? Ficou todo sujo de sangue, mas essa era a minha vingança...
O fotógrafo que acompanhava a "expedição" veio voando fotografar a vítima da tragédia!
É... Também já tive meu dia de Paparazzi.
Sabe que fiz?
Primeiro: "Detonei" o Rosseto que, responsável por mim, foi salvar o Paracelso que aterrou ao lado da cerca de alambrado - percebeu? ALAMBRADO!!!
Oi, eu me "enfiei" numa cerca de ARAME FARPADO!!!
Ah, mas o Paracelso estava antes... Sem desculpas - eu me cortei por sua causa, você tinha que estar lá pra me receber no colo se preciso, rsrs
Agora, preferiu salvar o loirão de olhos azuis e lindo aí???
Ele aguentou uns bons meses o reflexo dessa atitude altamente suspeita, mas depois ele se casou direitinho, rs
Quanto ao meu carrasco monitor, esbravejei o quanto pude.
Onde já se viu descrever tão incorretamente o procedimento?
Falei pra ele que teria que alterar o texto na apostila para não acidentar mais ninguém naquela situação:
Onde se lê:
Agir nos batoques, esqueça!
O certo é:
Escolha UM batoque e puxe com toda força o tirante dele, assim o velame desinfla e fica próximo ao seu corpinho, daí você recolhe o dito, se levanta e não sofre arrasto, não se enfia na cerca de arame farpado, não corta suas frágeis mãozinhas e nem paga mico de passar por morta - morta de raiva - isso sim!
Ah, quanto à colega que descreveu o procedimento um tanto mais rudimentar que o meu, teve a sorte de não cair na cerca de arame farpado, mas qual, de nada adiantou a minha correção, ela se arrastou tentando brecar com as mãos, conclusão:
Hospital, enxerto, curativo, papinha na boca um tempão, alguém pra dar banho, vestir a roupa, uma maravilha!!!
Condicionamento mal feito dá nisso!
Dois excelentes exemplos não acha?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Certas prisões...

Nessa semana que se finda, tivemos nós mulheres da empresa onde trabalho, episódios em comum.
A fechadura do Sanitário Feminino, porque em bom português, é assim mesmo que se fala, emperrou.
Roda pra frente, roda pra traz e nada, conclusão:
Trancadas e solitárias, cada uma em seu momento, tentando descobrir o “jeitinho” de sair dali ou partir pra receita que sempre dá certo:
Berrar feito uma desvairada a ver se alguém escuta as incautas e socorre...
Bem, descobri o “jeitinho” e assim cada uma, ufa!
Juntamos várias das “vítimas” da malfadada “portinha” a compartilhar nossas experiências e os segredos daquela fechadura do mal...
Vai daí que me lembrei de certa vez no camarim do Centro de Convivência...
Estávamos as coralistas num certo camarim nos vestindo para a apresentação naquele mês de outubro de dois mil e um e como eu estava num aperto só para uma tarefa intransferível – utilizar o sanitário para o número dois e o mesmo não tinha porta divisória com o chuveiro mais o lavatório, ai, ai – tive que esperar todas as trinta e umas coralistas se trocarem, deixarem o camarim e se dirigirem à platéia do teatro esperar a hora da apresentação (era um encontro de corais – um luxo, um assiste o outro e tenta ser melhor que o anterior), bem, tranquei à chave o camarim e fui à minha tarefa.
Tudo terminado e me vesti com a bela roupa italiana, fiz a maquiagem e me dirigi à porta.
ELA NÃO ABRIU!!!
Roda pra frente, roda pra traz e nada, conclusão:
Trancada e solitária naquele meu momento, tentando descobrir o “jeitinho” de sair dali ou partir pra receita que sempre dá certo:
Berrar feito uma desvairada a ver se alguém escuta a incauta e socorre...
Bem, não descobri o “jeitinho”...
...
BERREI FEITO UMA DESVAIRADA A VER SE ALGUÉM ESCUTAVA A INCAUTA AQUI E SOCORRIA!
Berrar antes da apresentação é tudo de bom – o jeito seria dublar – porque voz, já era...
Então, berrei, bati na porta, chacoalhei pra frente e pra trás e nada, só o silêncio me respondia... Sabe o que é estar no último camarim do corredor a dois andares abaixo do solo onde só a luz do camarim nos ilumina e lá fora é o breu? Todos já estavam no teatro!
Fiz de tudo, berrar, bater, chacoalhar, orar pedindo para aparecer alguém...
Depois de quinze minutos apareceu a Salime – bendita Salime, nem lembro o que ela foi lá a fazer, mas ela foi. Passei a chave por debaixo da porta, mas não adiantou nada. Ah, daí ela foi procurar alguém do teatro, não sem antes espalhar pra todo mundo que a Dulceny estava presa no camarim, adorei, mico pra ser mico tem que ser público!
Enfim, veio o segurança, desmontou a fechadura e eu saí daquele lugar.
Tive que aguentar todos os comentários e as piadas, que eu não devia ter me trancado sozinha, que bem acompanhada seria muito melhor, blá, blá e blá, blá...

Respirei fundo, contei até mil, um milhão...


Afinal eu estava LIVRE!!!!