quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pergunta da BBC numa matéria divulgada lá sobre as manifestações no Brasil:

Manifestações


Você está no Brasil? Como você é afetado por eventos no Brasil?

Minha resposta:

Me sinto afetada e incomodada todas as vezes que confundem o real sentido da palavra anarquia que nada tem a ver com desordem e confusão, com caos.
Me afeta diretamente também porque se perdeu o real sentido do que seja governar uma cidade, um estado, um país, pois já de muito se desenvolveu a inversão de valores no Brasil, onde o "jeitinho brasileiro" tomou proporções incontroláveis, passando da ação individual para uma consciência coletiva ou inconsciência coletiva, uma vez que a maioria o pratica e critica no outro o ato e reagem de forma violenta desproporcional.
Também há os que intencionalmente se infiltram nas manifestações com o intuito de minar o movimento, a forma mais fácil ante uma população massacrantemente despolitizada ao longo dos anos de nossa história.
Me afeta e entristece a visão de uma sociedade de "zumbis" que nem tem o discernimento para entender o processo de poder ora instituído pelo atual governo se disfarçando em regime democrático, quando sabemos que todos os partidos de extremos, seja de direita ou de esquerda não permitem opiniões contrárias, onde a liberdade de pensamento e expressão são coibidas e punidas. 
Vivemos aqui no Brasil hoje uma ditadura enrustida e uma massa de manobra fabricada aos bolsas-qualquer coisa que só fazem tirar a dignidade ao cidadão brasileiro miserável, induzindo-o falsamente a pensar que deixou de ser miserável por conta de uns trocados que o governo os dá por esmola, sim, porque as condições de trabalho digno e a sua libertação desse ciclo vicioso em que foi inserido jamais se desfaz. Esses lhes dão os votos porque são a grande maioria espalhada por esse Brasil desavisado e servil.
É nisso que me afeta esses eventos pois eles são incentivados de forma capciosa por quem quer perpetuar esse estado de coisas e a população não enxerga a manipulação a que é exposta todos os dias.

sábado, 5 de outubro de 2013

“QUEM DE VÓS ME ACUSARÁ DE UM PECADO” – Interpretação das palavras de Jesus por Huberto Rohden

O pecado só é possível na penumbra da ego consciência, criada pelo intelecto. Não é possível nas trevas da inconsciência, que envolve o mundo dos sentidos materiais; nem é possível na luz intensa da pleni-consciência, que ilumina as alturas espirituais da razão, do Logos, que, em sua forma encarnada, se chama o Cristo.

Nem a inconsciência nem a pleni-consciência conhecem o pecado. O pecado é um fenômeno privativo da semiconsciência. Nem os sentidos nem a razão podem pecar; nem o corpo nem a alma pecam – somente a inteligência, esse lúcifer do nosso ego mental.

Ora, sendo o Cristo a Razão, o Logos, o Espirito divino – como poderia haver pecado na zona da impecabilidade?

Deus é transcendente a tudo e imanente em tudo.

Na sua essência, Deus é totalmente presente e imanente em todas as coisas – mas no plano da manifestação dessa sua essência há grandes diferenças. Deus, embora imanente em cada ser, não se manifesta do mesmo modo em todos os seres. A sua essência é invariável, mas a sua manifestação é variável.

Deus é inconsciente no mineral.
Deus é subconsciente no vegetal.
Deus é semiconsciente no animal.
Deus é ego consciente no intelectual.
Deus é pleno consciente no espiritual.
Deus é oniconsciente em si mesmo.

Só na zona penumbral da ego consciência é que é possível o pecado.
O pecado supõe consciência, porém uma consciência imperfeita.
O pecado consiste na ilusão da nossa separação de Deus, ilusão essa creada pelo intelecto.
Somos distintos de Deus, porque Deus é transcendente a cada uma de suas creaturas.
Mas não estamos separados de Deus, porque Deus está imanente em cada uma de suas creaturas.
Não somos idênticos a Deus, nem separados de Deus – mas somos distintos dele, porque somos iguais a Deus pela essência divina universal – e somos desiguais dele pela existência humana individual.

O dualista afirma a transcendência e nega a imanência.
O panteísta nega a transcendência e afirma a imanência.
O monoteísta, o monista ou universalista, afirma tanto a transcendência como a imanência, atingindo assim a verdade total.

O intelecto separatista nos faz pecar – a razão que une; redime-nos do pecado.
O intelecto é o precursor da razão – a razão integra em si o intelecto.
Só nos pode redimir o que é remido.
Só o impecável nos pode purificar do pecado.

Ninguém vai ao Pai a não ser pelo Cristo – o Cristo, porém, como diz o Quarto Evangelho, é o divino Logos, a Razão suprema, que se fez carne e habitou entre nós.

Habitou entre nós, historicamente, na pessoa de Jesus de Nazaré – e habita em cada um de nós, permanentemente, na forma daquela “luz que ilumina a todo o homem que vem a este mundo... e dá àqueles que a recebe o poder de se tornarem filhos de Deus”; porque esse mesmo Cristo do passado está presente em cada um de nós, “eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.


“Quem de vós me acusará de pecado?” – assim poderá dizer todo homem no qual o Cristo interno tenha despertado plenamente, redimido a ego consciência pecadora de seu velho egoísmo e penetrando-a toda do amor universal.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS - por Huberto Rohden

Como posso amar afetiva, intelectiva e até fisicamente um Ser que é puro espírito? Como podem o coração, a mente, o corpo atingir esse objeto de amor?

De fato, se Deus fosse apenas um Deus transcendente, puro espírito abstrato, só os puros espíritos o poderiam amar; mas, sendo Deus, além de transcendente às suas obras, imanente em cada uma de suas creaturas, é possível que o amemos também com o coração, com a mente e com o corpo.

Deus é inconsciente no mineral.
Deus é subconsciente no vegetal.
Deus é semiconsciente no animal.
Deus é ego consciente no intelectual.
Deus é pleno consciente no espiritual.
Deus é oniconsciente em si mesmo.

Se Deus não fosse imanente em suas obras, ninguém o poderia amar com as faculdades do coração, da mente e do corpo.
Como Verdade, Deus é Transcendente.
Como Beleza, Deus é Imanente.
Quando a Verdade e a Beleza se fundem numa grandiosa sinfonia, surge a estupenda Poesia do Cosmos, síntese de Verdade e Beleza.

A Verdade é infinitamente bela.
A Beleza é profundamente verdadeira.
Por isso, a vida Eterna é necessariamente a eterna Beatitude, porque nasce do consórcio do Verdadeiro e do Belo, que é Amor.


Enquanto o “amar a Deus” é apenas um preceito ético, um dever, um imperativo categórico da consciência moral, não despertou ainda a alma do amor; só quando esse “amar a Deus” deixa de ser um compulsório dever e se transforma num espontâneo querer, numa luminosa compreensão, num irresistível entusiasmo – então é que o homem entra no “gozo de seu Senhor”.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

“ROUBASTES A CHAVE DO CONHECIMENTO DO REINO DE DEUS” por Huberto Rohden

Não há maior crime do que alguém atribuir-se em guia espiritual dos outros sem ter experiência pessoal de Deus e do mundo invisível. O homem profano pouco mal faz aos seus semelhantes, porque ninguém o acredita como guia nas veredas incertas do universo espiritual; mas o profano que se atribui em iniciado é um perigo para os outros profanos que o julgam por iluminado.

O que leva um pseudo iluminado a se apresentar como iluminado é, quase sempre, a ambição do prestígio, a cobiça do dinheiro ou o orgulho, roubando a chave do conhecimento do reino de Deus.
Essa chave consiste numa experiência interna, não condicionada por nenhuma formalidade externa. O poder vem de dentro, a fraqueza vem de fora.

“A letra mata - mas o espírito dá vida”.

O ritual dá prestígio externo – o espiritual dá força interna.

Quem exerce o ritual sem possuir o espiritual é falso profeta; roubou a chave do conhecimento do reino de Deus. Iludido, ilude os outros. Cego, conduz outros cegos, não é condutor e sim, sedutor.

Ignorância do mundo espiritual é treva – experiência é luz.
Só pode iluminar quem foi iluminado.
Só pode dar aos homens quem recebeu de Deus.
Só pode distribuir aos homens quem possui os tesouros da divindade.

É necessário que o guia espiritual compreenda que a única possibilidade de guiar os outros está em que ele se deixe guiar por Deus, e que nenhuma igreja ou seita lhe pode dar essa experiência. Todas as igrejas e seitas são como outros tantos marcos colocados à beira do caminho da vida, nas encruzilhadas duvidosas, incertas; quem parasse aos pés desses marcos ou se contentasse com olhar na direção indicada pelas flechas não chegaria jamais ao final da jornada.

A alma do cristianismo não é algo que se possa ensinar ou aprender intelectualmente, como num curso de teologia, ou de explicação de textos; é algo que deve ser vivido e sentido, e até sofrido, em profundo silêncio e fecunda solidão. Podem; na melhor das hipóteses; outros guiar-me até o limiar do santuário, mas só eu é que posso transpor esse limiar e encontrar a Deus, face a face.

O dia mais glorioso para o verdadeiro mestre é o dia em que ele se torna supérfluo e dispensável, o dia glorioso em que a alma por ele guiada já não necessite de guia, por ter se tornado espiritualmente autônoma e independente, para andar segura e firme nos caminhos de Deus.