sábado, 2 de novembro de 2013

"QUEM NÃO RENUNCIAR A TUDO QUE TEM NÃO PODE SER MEU DISCÍPULO" Rohden, Assim Dizia o Mestre, pgs 43 e 44.

A ideia do meu nasceu com a ideia do eu. Quando esse eu morre, morrem necessariamente todas as ilusões relacionadas com o meu. Quem tudo é, nada tem; a intensa luminosidade do ser aniquila todas as trevas do ter. Quem é de fato, discípulo do Cristo nada tem e quer ter, para si mesmo, embora possa prestar-se para administrador de uma parte dos bens de Deus em benefício de seus irmãos.

O que eu considero meu só tem função enquanto ainda vive em mim a noção do eu físico-mental; no momento em que o meu pequeno eu personal se afogar nas profundezas do TU divino e no NÓS da humanidade, esse conceito de meu deixa de ter razão de ser.

Por isso, o homem que atingiu a plenitude do seu ser, pelo despontar da consciência cósmica, perde toda a noção de posse e propriedade. Nada adquire e nada perde. O fluxo e refluxo incerto de lucros e perdas deixaram de existir para ele e com isso foi eliminada a fonte principal da inquietação que atormenta os profanos. Nada possui  que o mundo possa tirar, e nada deseja possuir  que o mundo lhe possa dar. Entretanto, se as circunstâncias terrenas o nomearem administrador do patrimônio de Deus e da Humanidade, esse homem administra com a máxima solicitude esse patrimônio terrestre universal.

Pela mesma razão, o homem que se despojou dos teres pela maturação do ser não experimenta a menor dificuldade nem tristeza em passar para outras mãos a gestação dos negócios temporários que lhe foi confiada.

O grande industrial norte-americano R.G. Le Torneau (1), fabricante de possantes máquinas de terraplenagem, mandou colocar sobre a entrada de uma de suas fábricas a seguinte afirmativa:

Não digas: “Quanto do meu dinheiro eu dou a Deus”?
Dize antes: “Quanto do dinheiro de Deus eu guardo para mim?”

Esse homem descobriu que nós não temos dinheiro algum, mas que todas as coisas do mundo são de Deus; entretanto, pode o administrador dos bens de Deus tirar para si uma pequena “comissão”. Le Torneau, no princípio, tirava uma comissão de 90% para si, dando 10% a Deus, para fins de altruísmo e religião; por fim inverteu as quotas, dando 90% para Deus e guardando 10% para si, e mesmo assim, desses 10% ele não se considerava proprietário, senão apenas administrador, porque também esse dinheiro pertencia a Deus e à humanidade.
“Quem não renunciar a tudo que tem não pode ser meu discípulo”.

O EU verdadeiro, divino nada sabe de possuir, porque o apogeu do SER provoca a ruina do TER.


(1)    Os contemporâneos de Le Torneau o qualificavam de “O homem de negócios de Deus”.

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