Com um pouquinho de atraso, mas ainda em tempo de contar essa história bem interessante...
No ano de dois mil e nove, minha irmã e eu decidimos passar
uns dias na Paz e sossego do Natal no Litoral, bem explicado:
Minha mãe foi para Natal no Rio
Grande do Norte no dia dez de dezembro, e voltaria somente no dia sete de janeiro de
dois mil e dez. Seu apartamento estava lá, sozinho coitado, fechado, às moscas
mesmo...
Quisemos lhe proporcionar alguns
aconchegantes momentos de convivência a mais pacífica possível e dar-lhe alguns
momentos de atenção...
Bem, trabalhei até dia trinta às
dez da noite, cheguei em casa, fui dormir e lá pelas cinco da madrugada
levantei, arrumei minhas “trouxas” e saímos para a viagem às sete horas mais ou
menos.
Tudo seguia tranquilamente, fomos
pela Rodovia Bandeirantes, uma beleza. Minha irmã colocou o CD de um amigo
português que é músico lá em Portugal e ao som do mais puro rock,/blues
português, seguíamos viagem.
Chegando em Sampa; marginal Tietê
já congestionada, mas tudo bem... Ouvíamos a música que dizia:
Esse mundo de sonho e magia...
Esse mundo... Tudo a ver...
Nosso mundo de sonho e magia
terminou na descida da ponte de acesso à Avenida Bandeirantes...
O carro apagou!
Sem motor, sem som, sem abrir e
fechar os vidros, na pista central e o trânsito comendo solto!
Minha irmã tentava ligar o carro
desesperadamente e nada! Pânico!!!
Eu falei calmamente pra ela:
-Liga logo esse pisca - alerta
senão alguém vai carregar a gente pela traseira do carro. E pega o triângulo no
bagageiro. Bagageiro???
Quem já viu bagageiro de carro
com duas mulheres dentro em viagem?
Ela começou a tirar as malas e
colocar no capô do carro... Qual... Esquece o triângulo... Deixa pra lá...
Foi um tal de buzinas pra lá e
buzinas pra cá, até que ela gentilmente se dirigiu à galera:
Vocês aí, em vez de buzinar
porque é que não descem e vem ajudar?
Detalhe: É claro que meu relato é
simbólico, pois ela pronunciou inúmeras palavras que não me arrisco a
repetir...
Enfim, tivemos ajuda de um senhor
num Uno Mille judiado e um moto boy! E há quem fale mal dos motoqueiros.
Segundo relatos, parece que eles sempre ajudam nessas situações no trânsito.
Os dois empurraram o carro e o
motor pegou. Encostamos já na Avenida, o carro não parecia estável, agradecemos
a ajuda e decidimos parar em local mais seguro.
Já no posto Ipiranga, sem fazer
propaganda, mas foi o primeiro que avistamos, ligamos para o seguro que enviou
auxílio. Olha daqui e olha dali, ai, ai...
Tem uma tal correia do
alternador, responsável por recarregar a bateria do carro, ela simplesmente
desmanchou... Estava rompida e tinha meio centímetro de espessura.
Dali não sairíamos tão cedo...
Vai daí que tinha um rapaz por perto fumando tranquilamente e que chegou até
nós, informando ao mecânico onde poderíamos encontrar uma loja em pleno vinte e
quatro de dezembro aberta para comprar a dita correia, mais ainda, ele apagou o
cigarro, se dirigiu até uma moto (mais um moto boy?), colocou o capacete e foi
junto para indicar o caminho...
Voltou uns quinze minutos depois
e disse que o mecânico foi até outro ponto onde há muitas lojas de peças de
autos, pois a que ele indicou estava fechada, mas que aguardássemos que logo,
logo, poderíamos pegar a estrada. Se despediu dizendo que já estava na sua hora
de trabalhar...
Enquanto aguardávamos, entramos
na loja de conveniência para comer alguma coisa. Na fila minha irmã comentou
com um homem que ali se encontrava do imprevisto que atrasava nossa viagem, ao
que ele sorridente e com a face mais cinza da silva, perguntou:
E você acha que isso é problema?
Eu acabei de sair de uma
hemodiálise e ainda não comi nada!
...Silêncio...
Bem, eu já fui logo perguntando
quanto tempo ele fazia a tal e se já estava na fila de transplante – nesse
momento me lembrei do sogro do meu irmão que morreu na fila do transplante
depois de esperar mais de dez anos...
Ele respondeu que faziam cinco
anos... Quando ele saiu da loja, nos despedimos e só pude desejar a ele como
presente de Natal e como boas novas para o Ano Novo que ele encontrasse um rim
– e desejo mesmo – sei que não é nada fácil essa situação de incerteza e a
doença se complicando a cada dia!
Saímos dali enfim e descemos para
a praia. Afinal, não tínhamos nenhum problema. A vida é linda!
E viva o Natal gente!!!
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