quinta-feira, 27 de março de 2008

Para emagrecer, é preciso comer


Qui, 27 Mar, 02h30

Por Fabiana Caso
São Paulo, 27 (AE) - Quem leu ou viu "O Senhor dos Anéis" pode se recordar da mania dos hobbits de comer seis refeições por dia. E não é que eles estavam certos? Os nutricionistas garantem: passar fome não emagrece ninguém, pelo menos não a longo prazo. Isso porque, quando o organismo fica muito tempo sem comida, começa a reter gordura, como um mecanismo de defesa. Para ficar com o corpo em forma, sem prejudicar a saúde, o certo é comer de três em três horas, dividindo as calorias que se pode consumir em frações. Entre as refeições principais - café da manhã, almoço e jantar -, o ideal é vigiar o relógio para ingerir nem que seja uma fruta ou um pedaço de queijo nos intervalos.
"O órgão que comanda tudo é o cérebro, e este não consegue usar a energia de algo que foi ingerido há mais de três horas", explica a nutricionista Denise Madi Carreiro, autora de "Alimentação, Problema e Solução para Doenças Crônicas". Quando as refeições ficam muito espaçadas, o cérebro começa a alterar funções e libera cortisol, o chamado hormônio do estresse. Aumenta, assim, a resistência à insulina e uma das conseqüências é a retenção de gordura como um mecanismo de sobrevivência. Outro resultado do jejum prolongado é que o organismo começa a consumir proteínas, essenciais para equilibrar os sistemas mental e emocional. Segundo a nutricionista, esta e outras alterações do metabolismo podem causar problemas como ansiedade, insônia, gases, intestino preso, episódios repetidos de candidíase (doença ginecológica provocada por fungo) e queda do sistema imunológico. As alterações hormonais podem incluir até a interrupção da menstruação.
Nas "dietas de fome", a pessoa emagrece no começo porque perde líquido ou as proteínas, mas não gordura. "Se ficar sem comer resolvesse, a obesidade não seria o principal problema de saúde pública do mundo", afirma Denise. "Para perder gordura, é preciso comer." O contrário também é verdadeiro: aqueles que procuram seu consultório porque querem engordar conseguem atingir a meta quando se reeducam, comendo porções fracionadas de três em três horas. A diferença é que, para os que querem ficar magros, o cardápio tem obviamente menos calorias, e para quem quer engordar, é supercalórico. Mas sempre fracionado, em cinco ou seis refeições diárias.
A nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luciana de Carvalho, faz coro. "Quanto mais fracionada for a alimentação, mais o organismo trabalha. Quanto mais se fica em jejum, menos ele trabalha e faz uma reserva para se garantir", resume. "Fracionamos as refeições para aumentar o metabolismo." Mais: quando a pessoa fica sem comer por muito tempo, a tendência é "atacar" a refeição, geralmente à noite, quando já não é preciso absorver tanta energia porque o destino costuma ser a cama.
Isso não quer dizer que se deva ingerir porções imensas: nos intervalos entre as refeições principais, recomenda-se comer uma fruta, iogurte ou um pedaço de queijo - um único alimento de qualidade já serve para estimular o metabolismo.
PERDA DE PESO - A médica Jacqueline Ulbricht, de 36 anos, era obesa e fez a cirurgia de redução do estômago há dois anos e meio. Desde então, começou a se consultar com a nutricionista Denise e aderiu às porções fracionadas. Se antes fazia três refeições por dia, agora come a cada três horas. "Minha vida mudou, me curei da artrite reumatóide depois que mudei a alimentação", conta. "Eu emagreci 50 quilos em dois anos e meio e não foi por causa da cirurgia. Conheço pessoas que também fizeram a mesma operação e ganharam todo o peso de volta. Mantenho meu peso há um ano e meio." Apenas recentemente ela voltou a engordar, mas por um bom motivo: está grávida.
Jacqueline atribui também ao novo esquema de alimentação uma melhoria na sua qualidade de vida. "Durmo melhor, acordo descansada. Antes tinha uma insônia horrível e sempre tomava remédios. Isso acabou." Problemas com intestino preso e candidíase também ficaram para trás. "Agora me sinto mais calma, tenho mais paciência."
O administrador de empresas Munir Adib Kfouri, de 69 anos, também se beneficiou da dieta fracionada. Foi por uma questão de saúde que começou a se consultar com a nutricionista Luciana: os medicamentos que tomou para um problema de fígado lhe trouxeram efeitos colaterais indesejáveis. Além disso, Munir tinha o desejo de emagrecer, embora não acreditasse que isso fosse possível. "Todo mundo dizia que eu tinha que ir para a academia, e eu não queria."
Pensando em seu problema de saúde, começou a seguir religiosamente a dieta prescrita. "Antes tinha uma alimentação indisciplinada. Tomava só uma xícara de café de manhã, às vezes nem almoçava e, à noite, descontava tudo no jantar. Comia muito e abria a geladeira de madrugada", lembra. O novo menu inclui um café da manhã mais substancioso, uma fruta no intervalo até o almoço, outra no intervalo da tarde, e um jantar mais leve. No cardápio, não há mais frituras, gorduras nem massas.
Os exames de fígado passaram a dar resultados melhores e ele percebeu uma maior disposição física. "Aprendi a dosar os alimentos e percebi que não havia necessidade de comer tanto." Emagreceu dez quilos e já mantém o peso há um ano. "Hoje tenho mais consciência do que estou comendo. Estou bem de saúde e ter emagrecido aumentou minha auto-estima."

sexta-feira, 21 de março de 2008

Sobre Deus!




Cosmólogo recebe prêmio defendendo existência de Deus









Para cientista religioso, a criação
do Universo é obra de Deus




Um padre e cosmólogo polonês que sustenta a possibilidade de comprovar matematicamente a existência de Deus é o vencedor do mais polpudo prêmio acadêmico do mundo.
O professor Michael Heller, 72, de formação religiosa, com estudos em filosofia e doutorado em cosmologia, receberá em maio, em Londres, o prêmio Templeton, outorgado pela fundação homônima de estudos religiosos sediada em Nova York. O valor da premiação é de 820 mil libras esterlinas (cerca de R$ 2,87 milhões).
Os trabalhos mais recentes de Heller abordam a questão da origem do universo debruçando-se sobre aspectos avançados da teoria geral da relatividade, de mecânica quântica e de geometria não-comutativa.
"Vários processos no universo podem ser caracterizados como uma sucessão de estados, de maneira que o estado anterior é a causa do estado que o sucede", explicou o próprio Heller em um comunicado divulgado por ocasião do anúncio do prêmio.
"Ao questionar (a causalidade primeira) não estamos apenas falando de uma causa como qualquer outra. Estamos nos perguntando sobre a raiz de todas as possíveis causas", disse.
Ele rejeitou a idéia de que religião e ciência são contraditórias. "A ciência nos dá o Conhecimento, e a religião nos dá o Sentido. Ambos são pré-requisitos para uma existência decente".
"Invariavelmente eu me pergunto como pessoas educadas podem ser tão cegas para não ver que a ciência não faz nada além de explorar a criação de Deus."

Críticas

Alguns céticos atacam a Fundação Templeton por sua inclinação a favor de ideologias conservadoras da religião.
Um dos principais críticos à instituição é o biólogo evolucionista Richard Dawkings, que já descreveu o prêmio Templeton como "uma soma de dinheiro muito grande que se concede normalmente a um cientista disposto a falar coisas boas da religião".
Para os jurados, Heller mereceu o prêmio por desenvolver "conceitos precisos e notavelmente originais sobre a origem e as causas do universo, muitas vezes sob intensa repressão governamental".
A biografia do filósofo e cosmólogo polonês diz que ele foi perseguido sob a era soviética, cuja ideologia comunista abertamente atéia ia contra o perfil católico conservador dominante no país.
Heller conhecia o Papa João Paulo 2º, nascido polonês sob o nome de Karol Wojtyla, que personificou a reação da Igreja Católica contra o avanço do comunismo nos países do Leste Europeu.
"Apesar da opressão das autoridades comunistas polonesas a intelectuais e padres, a Igreja, impulsionada pelo Concílio Vaticano 2º, garantiu a Heller uma esfera de proteção que o permitiu alcançar grandes avanços em seus estudos", diz sua biografia.
Heller disse que usará o dinheiro do prêmio Templeton para financiar futuras pesquisas.